Rolando Boldrin é a “Cara do Brasil”

Publicado  segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Completando 50 anos de carreira, o artista viaja o Brasil com seu espetáculo teatral






A música, o causo, a arte do interior do Brasil. Há décadas Rolando Boldrin, um dos mais importantes artistas brasileiros, leva para todo o País, seja na televisão, no teatro, no cinema, na música, a cultura regional brasileira. No ano em que completa 50 anos de carreira, este brasileiro de São João da Barra, no interior de São Paulo, inicia um novo projeto, o “Cara do Brasil”, que passará por 16 cidades em 4 estados brasileiros.



Em seu novo espetáculo, um teatro musicado, Rolando Boldrin conta, canta e interpreta causos do homem comum, da cidade e do campo, resgatando as raízes e histórias brasileiras. Além da apresentação, o projeto “Cara do Brasil”, patrocinado pela New Holland e com apoio da Lei de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura, ainda realiza oficinas culturais com adolescentes em escolas públicas.



Nesta entrevista, o artista, que aos dezesseis anos desembarcou na capital paulista para “tentar a vida” e já trabalhou como garçom de beira de estrada e sapateiro, fala sobre sua carreira e sobre o projeto que passa agora por Vitória da Conquista.



Reconhecido como um dos maiores divulgadores da cultura brasileira, como o senhor se sente completando 50 anos trabalhando como artista no Brasil?

Rolando Boldrin - É claro que completar 50 anos de carreira artística será sempre motivo de orgulho, ainda mais tendo realizado um trabalho tão diversificado (rádio, televisão, cinema, teatro, compondo músicas). Meu programa na TV Globo, o Som Brasil, que estreou em 1981, cujo sucesso vence os tempos desaguando, há quatro anos, no meu atual programa, Sr. Brasil, na TV Cultura. Eu fui um menino pobre do interior. Um menino com um grande sonho: ser um artista brasileiro.



E o Brasil que o senhor ajuda a revelar, como ele é, quais as mudanças que o senhor viu nesses 50 anos?

RB - Se a gente considerar o avanço tecnológico global, a começar pela internet, o Brasil faz bem a lição de casa. Nós temos a melhor produção de programas de TV do mundo, exportamos muitos, somos campeões na criação de peças publicitárias, nossa música já consegue atravessar fronteiras, etc. Mudamos com o mundo, mas falta a todos nós valorizarmos muito mais o nosso produto humano, em todas as áreas, principalmente cultural.



O senhor é um artista múltiplo, com destaque na televisão e passagem pelo cinema. Qual sua relação com estas mídias, em especial com a televisão?

RB - Dedico desde 1981 todo o meu tempo aos projetos culturais que envolvem a nossa rica música cheia de ritmos múltiplos. Depois de 81, fiz apenas um longa-metragem, “O Tronco”, de João Batista de Andrade e belisquei o prêmio de melhor ator no Festival de Cinema de Brasília, em 1998.



Como é o seu atual programa de televisão, o Sr. Brasil?

RB - Sr. Brasil é a somatória da experiência quando da implantação do projeto na Globo em 1981. Se formos “brincar” de comparar entre o Som Brasil e o Sr. Brasil, podemos marcar no placar da TV 10 a O para o Sr. Brasil, que estreou em 2005 na TV Cultura. Nosso Sr. Brasil é mais bonito, mais limpo cenicamente, mais rico de cenário. O cenário, em especial, de autoria de Patrícia Maia, tem uma grande importância sociocultural.



Por que o senhor aceitou participar deste projeto, o “Cara do Brasil”?

RB - Imagina se eu não iria “topar” um projeto com esse título e com esta proposta séria que é a de mostrar cultura ao nosso povo em lugares por onde a gente vai passar neste Brasil?



Como será este espetáculo?

RB - O espetáculo é o ator que sou, contando as histórias de tipos brasileiros e todo o seu valor cultural e musical. O cenário de Patricia Maia não só é uma atração à parte, como é pioneiro com tal proposta, e tem a função maior que é divulgar o artesão brasileiro.



Além do espetáculo, o projeto ainda tem as oficinas culturais em escolas públicas...

RB - Quando eu e a Patrícia (Patrícia Maia, cenógrafa) fomos procurados para fazer parte do projeto “Cara do Brasil”, as oficinas foram o que mais pesaram para nossa aceitação.



Qual a expectativa para o projeto?

RB - A certeza de todos nós é no sucesso, pois quando se faz algo do qual todos nós (os envolvidos) nos orgulhamos, que é a proposta de valorização da nossa gente, da nossa mais pura cultura nacional, não dá outra coisa. Como lá diz o caboclo, “é tiro e queda”.

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